Vejam esta foto, de autoria de Daniel Teixeira (Estadão Conteúdo).
Na segunda-feira, os vândalos que tomaram conta do Centro de São Paulo depredaram e viraram um carro da Polícia Civil. E brandiram a bandeira preta da desordem. Eles podem. Contam, agora, com aliados objetivos — pouco importam as intenções — na Justiça de São Paulo. O mesmo Tribunal de Justiça que negou a liminar (vejam post anterior) de reintegração de posse da Reitoria da USP, invadida a marretadas, mandou soltar um casal preso em flagrante durante as depredações. Trata-se de Humberto Caporalli, de 24 anos, e Luana Bernardo Lopes, de 19. A decisão é do juiz Marcos Vieira de Morais, do Departamento de Inquéritos Policiais.
Nesta terça, o advogado da dupla, Daniel Biral, explicava tudo direitinho. Pelo visto, convenceu o juiz. Na mochila de um deles, havia uma bomba de gás lacrimogêneo. Como assim? É simples. Segundo o doutor, tratava-se apenas de souvenir da manifestação. Que tal? Recorreu ainda a um estranho argumento: como o artefato poderia ser deles se só pode ser comprado por forças de segurança oficiais? Eis uma boa questão. A qualquer ser lógico, isso só complica a situação em vez de amenizar. O juiz parece ter concordado com ele.
Uma câmera foi apreendida com o casal. Nas filmagens — inclusive da depredação do carro de Polícia —, eles estimulam o pega-pra-capar: “Quebra, quebra…” O doutor considera isso manifestação cultural. Pelo visto, a Justiça acatou o argumento. Explica:
“Eles assumem que estavam no ato, mas negam ter participado de qualquer dano. Estavam na rua registrando e provocando culturalmente, artisticamente. Durante as manifestações estavam pintando determinadas instalações, o que chamam intervenções artísticas. Pelo que eles me contaram, disseram que a cidade ficou mais bonita com a intervenção artística deles. Em nenhum momento tem fotos ou imagens deles participando desse ato. Acredito que foi um equívoco.”
São mesmo duas almas sensíveis, dois artistas, dois estetas incompreendidos.
Humberto Caporalli, está provado, participou de depredações também no Rio de Janeiro. Seu Facebook traz esta foto, e ele se identifica como Humberto Baderna.
O advogado explica o que ele faz em São Paulo: “Ele veio do interior do estado em busca de melhores oportunidades na vida. Trabalha com grafite e é ligado a ações artísticas”.
Entendi. – (Por Reinaldo Azevedo)
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-justica-de-sp-decide-eles-estao-no-poder-se-a-policia-prender-um-juiz-manda-soltar-ou-tribunal-de-justica-liberta-casal-preso-em-flagrante/
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