Estadunidense e americano (2012) – Um posicionamento.
Há tempo sabe-se que é inexata e irregular a apropriação do gentílico americano para qualificar quem nasceu nos Estados Unidos da América, uma vez que o Continente americano compreende as três Américas; do Norte, Central e do Sul. Portanto, americano qualifica quem numa delas nasceu. Assim, genericamente, brasileiro é americano, tanto quanto canadense, mexicano, guatemalteco, peruano e chileno e também quem nasceu nos EUA.
Especificando um pouco, na América do Norte, com três países (Canadá, Estados Unidos e México), quem aí nasce é norte-americano. Quem nasce na América Central, como Costa Rica, Honduras e Panamá, é centro-americano. E quem nasce na Argentina, Bolívia ou Colômbia, é sul-americano.
Vê-se, então, que não é errado qualquer pessoa nascida num desses países, inclusive nos EUA, qualificar-se como americano. O irregular é o uso exclusivo e abrangente do gentílico americano, como ocorre com o americano dos EUA, massivamente aceito no Brasil, inclusive por intelectuais. Americano é todo aquele que nasceu numa das três Américas.
Então, qual o mais exato? Mais exato é o que revela naturalmente o nome do país de origem, como brasileiro, nicaraguense e mexicano, não havendo dúvida quanto a Brasil, Nicarágua e México. No caso dos EUA, o adjetivo apropriado e particular exclusivo é estadunidense, que se enquadra nesse raciocínio.
A quem duvidar, menciono o Livro do Ano da Barsa Planeta Internacional, Ciência e Futuro 2011, cuja credibilidade é inquestionável. Nessa obra, o termo estadunidense é usado com uma frequência de maioria absoluta, em relação a americano e norte-americano. A propósito, citam-no os dicionários Aurélio e Houaiss. Só que, neste último, data venia, achei incoerente igualar a norte-americano dos E.U.A., pois norte-americano também se aplica a canadense e mexicano.
Na internet há um substancioso texto quando se pesquisa o gentílico, notando-se o uso alternativo de americano, norte-americano e estadunidense, bem como a complexidade da composição multifacetada da população estadunidense, valendo a pena tomar conhecimento para, com um sentido democrático, não descartar da avaliação as amplas ponderações nele mencionadas.
Todavia, há um item que considero inapropriado em relação ao Brasil, que é estadunidense do Brasil, já que nosso país é uma República Federativa, valendo lembrar que foi abandonada a antiga denominação de República dos Estados Unidos do Brasil, inspirada na Constituição dos EUA, uma de tantas influências que absorvemos. A propósito, o título de nossa Carta Política é Constituição da República Federativa do Brasil, que é de 5/10/1988.
A minha proposta, achando-a mais lógica, é: num texto sobre o nacional dos EUA, a primeira referência deve ser estadunidense. Se houver mais referência, pela ordem, norte-americano é a mais próxima, ficando americano para o último lugar. Entre muitas, deve predominar a mais exata e característica, que é estadunidense.
Em apoio ao exposto, nas 46 p da Cronologia de principais fatos ocorridos no mundo em 2010, o Livro do Ano Ciência e Futuro, editado por Barsa Planeta em 2011, menciona 19 citações para ESTADUNIDENSE e nenhuma para americano e norte-americano, fato que vem corroborar a pretensão de generalização desse gentílico para pessoas e coisas originárias do território dos Estados Unidos da América (EUA).
O que é que falta para esse termo ser majoritariamente adotado? Falta um convencimento e o franco uso pela mídia através de seus credenciados intérpretes e porta-vozes.
Curitiba, fevereiro de 2013
Paulino Manfrinato
Ver abaixo uma complementação
- No Dicionário Barsa Inglês Português, Ed. 1968, consta:
American (…) s.e a. americano; norte-americano, estadunidense.
- Quando +- em 1970, eu estudava no Inter-americano, tanto o livro usado como o ensino de Inglês afirmavam que, ao declarar sua nacionalidade, a pessoa respondia: I’m an american, ou seja “um americano” e não simplesmente americano. Ou seja, isso está na mesma lógica da resposta de americano de outra parte do continente. Ex.: americano do Canadá ou do Brasil.
- Também seria conveniente que, nas escolas, desde o ensino fundamental, no assunto nacionalidade fosse enfatizado, como preferente, o exato gentílico estadunidense, evidentemente relacionado com americano e norte-americano, para um entendimento completo.
Em 15/10/2013
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